quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Teatro de Aracati precisa de reforma

O teatro Francisca Clotilde, em Aracati, ainda conserva as características originais, mas está ameaçado. A sua estrutura física, incluindo a parte elétrica e hidráulica, está deteriorada. A Prefeitura promete uma reforma ainda para este ano.

Único prédio de Aracati para apresentações artísticas, o teatro Francisca Clotilde, localizado na rua Coronel Alexanzito, a antiga rua Grande, está em condições precárias. Desgastado pelo tempo, mas ainda conservando as características originais, o teatro precisa de reforma urgente em toda a estrutura, inclusive na parte elétrica e hidráulica. Embora fechado para apresentações artísticas, ali funciona o ateliê do artista plástico Hélio Santos.

"Aqui funcionou o cine teatro moderno. Ainda é conservado o primeiro projetor de filmes", diz o artista plástico. Na sede do antigo teatro, fundado em 1920, também são fabricadas as peças de teatros de bonecos e o vestuário dos blocos antigos do Carnaval de rua que desfilam em Aracati relembrando o antigo corso da rua Grande. O prédio do teatro fica no principal sítio histórico reconhecido e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). São prédios públicos e particulares construídos entre os séculos XVIII e XIX.

A secretária municipal de Turismo Cultura e Meio Ambiente, Iane Sampaio, promete que serão iniciadas, ainda este ano, as obras emergenciais do Teatro Francisca Clotilde. Ela diz que a população vai ter novamente o seu espaço de referência para a cultura. O diretor cultural Flávio Macedo diz ter expectativa com relação à reabertura do teatro para as grandes produções. Antes de ser o Teatro Francisca Clotilde, no prédio funcionou o Círculo Operário de Aracati.


FIQUE POR DENTRO

Francisca Clotilde foi educadora, escritora, poetisa, dramaturga, contista e abolicionista. Nasceu em Tauá, região dos Inhamuns, em 1862. Morou em Fortaleza, Redenção, Baturité e Aracati. Nessa última cidade viveu até o fim de sua vida, em 1935.

Em Aracati fundou o Externato Santa Clotilde para meninas e meninos, considerado um dos melhores colégios da Região Jaguaribana. Ela se destacava pela pedagogia aplicada, pela utilização das artes, sobretudo o teatro, nas atividades escolares, além do ensino da língua francesa.

Francisca Clotilde participou ativamente dos movimentos abolicionistas e republicanos, escrevendo em diversos jornais sobre as questões políticas que aconteciam na época. Foi colaboradora da revista A Estrella, fundada em 1906 pela sua filha Antonietta Clotilde, e em 1902 lançou o romance A Divorciada, abordando uma temática extremamente polêmica para a época. Também fez artigos para jornais e revistas do Brasil e chegou a escrever em almanaques de Portugal.

Rita Célia Faheina

Matéria publicada no Jornal O Povo de 01 de dezembro de 2008. Disponível em http://www.opovo.com.br/opovo/ceara/840685.html

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